dezembro 22, 2010

Eu virei meu diário em estopa.
Será que eu...?

Ora, eu não consigo lembrar. Foi um sonho ou não foi? Alguém pode ter certeza? Era tudo tão real - as palavras em chamas. Piscaram para fora da existência, cinzas, cinzas.
Minha mãe não sabia o que fazer com as manchas de fumaça no teto.
O incêndio foi tão violento aquela noite. As derradeiras palavras lamentaram então, todos os cabelos grisalhos das cinzas, murmurando profundidades até o amanhecer.O fim do mundo, disseram.
Se as palavras realmente se foram,eu existo?
Não tenho nenhum uso para platitudes, você disse.
Através das chamas nós caminhamos, driblando escombros,cuidadosos em torno das rachaduras na estrada, contando aves no céu da manhã. Você achou que elas eram aviões - pequenos, cinzas, aviões de metal enferrujado. Prontos para atacar.
"Eu vou ser recruta um dia".
"Só se eu deixar você ser, o que eu nunca vou."
E assim fomos levados, caminhando através dos nossos caleidoscópicos devaneios,até onde eu deixei.
E assim.
E assim as pontes desmoronaram sob os nossos passos e o mundo queimou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário