novembro 10, 2010

Abril.

-Pegue minha mão.
-Mas você não é real. Eu não posso nem tocar você. Se eu tentasse pegar a sua mão, eu não sentiria nada.
-Você confia em mim?
-Eu não acho que eu nunca posso confiar em quem eu amo.
-Você me ama?
-Não é assim tão fácil. Eu não posso responder com uma resposta 'sim' ou 'não'. E nós não temos tempo para eu te dizer por quê.
-Bem, então me diga porque você não pode confiar em quem você ama.
-Porque eles não existem. Eles vão embora, e tudo o que resta deles é a poeira que flutua na luz. E uma vez que eles foram embora, as estrelas morrem uma após a outra e pequenos buracos negros começam a aparecer. Você não pode vê-los, mas você sabe que eles estão lá, porque eles devoram tudo em seu caminho. Eles começam com as pequenas coisas como quando você não consegue achar as chaves, ou quando você não consegue encontrar a última página lida em seu livro, para apenas perceber depois que capítulos inteiros foram arrancados. Então seus rostos desaparecem e as fotos deles estão escuras com a sombra. Tudo o que eles tocaram começa a se desintegrar, e você começará a sentir como um vagão de trem sem passageiros, um navio sem velas, uma livro sem palavras. Eles se foram. E você é apenas uma casa vazia, um castelo vazio, um nada vaziovaziovaziovaziovazio vazio. Perdida. esquecida. 

Um comentário:

  1. Me parece que amor e desconfiança são muito amigos, gostam de andar juntos.
    E mesmo assim, no final apesar da tal desconfiança sorrindo ali do lado, nunca acaba sendo tarde pra escrever no livro sem palavras e preencher todo o vazio.

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