dezembro 03, 2010
O Labirinto
Eu tinha onze anos quando entrei no labirinto do meu diário.Eu estava andando em um tapete de páginas sem número. Por que eu não enumerei as páginas? Porque eu estava ciente do que eu tinha deixado de fora, muito foi deixado de fora que eu tinha a intenção de inserir, e enumerar era impossível, se eu enumerasse significaria que eu tinha dito tudo. Eu estava subindo uma escada de palavras. As palavras se repetiram. Eu estava andando na piedade piedade piedade piedade piedade piedade. Meu passo cobria toda a palavra de cada vez, mas depois eu vi que não estava andando. Quando a palavra era a mesma, eu não me mexia, nem os meus pés. A palavra morreu. E veio a angústia, sobre a morte dessa palavra. O panorama não mudou, o passeio foi sem cantos, os caminhos tão misteriosamente acorrentados que eu nunca sabia se que eu havia virado para a direita ou esquerda. Eu estava andando na palavra obsessão com os pés nus: as árvores pareciam se prensar mais próximas, e respirar era difícil. Eu estava buscando o mês, o ano, a hora, que poderiam ter me ajudado a voltar para casa.
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