outubro 10, 2010

frenesi.

Levantei-me há cerca de duas horas,mas percebi que ainda não acordei,e tenho dormido acordada durante algum tempo suponho.As pessoas agora são vultos,sombras que se misturam à realidade e me produzem constantes calafrios.Criaturas que eu não suporto e que na falha tentativa de isolar meu campo de visão,acabei apodrecida por elas e por todo o resto.
Gritam,exigem,gemem,tornam-me em qualquer coisa.
Certos lugares que me davam prazer tornaram-se odiosos,e não é assim que deveria ser.Onde daqui a trinta anos vou sentir nostalgia sobre?E mais esmagadora pergunta ainda: de quem?
Nada.Uma cova de emoções reprimidas,de palavras não ditas e de atos não realizados.
Agora vivo agitada,cheia de demônios,uma tremura no corpo,uma coceira nas mãos.A noite tranco a porta,ligo o abajur,deito-me à cama,ascendo um cigarro,pronto. Tudo me trava,os dedos não fazem sequer um traço,o punho não escreve,um pensamento maldito sobre a vida.
Afinal,tudo desaparece.E, inteiramente vazia,fico um tempo sem fim ocupada em traçar no papel..engrosso as linhas,suprimo curvas,até que deixo todo o papel com alguns borrões pretos e pequenos,pequeninos buraquinhos pelos quais feixes luz podem passar.


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